Testemunho – “O reencontro com Cristo pela Lectio Divina”, por Luís Teodorico

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IV Encontro de Representantes dos Encontros Bíblicos | Local: Paróquia da Paz. Data: 03 de abril de 2016

* Por Luís Teodorico

Sou Luís Teodorico, o Ted. Participo do ECC (Encontro de Casais com Cristo). Eu e Rita somos casados há trinta anos. Os nossos filhos, Thaís e Thiago, também estão nos movimentos da Paróquia Nossa Senhora da Glória. Há seis anos revivi a importância de colocar Cristo no centro da família, através da Lectio Divina – ou Leitura Orante.

Na adolescência, vivi o mundo intensamente. Fumava e consumia bebida alcoólica. Criadosolto, passava o dia na rua. Meu pai teve três empregos ao mesmo tempo, ficando ausente de casa. Para a minha mãe, era difícil controlar onze filhos. Apenas as meninas eram recatadas.

Aos 17 anos, vivi a primeira experiência com Deus, entrando para um grupo da Renovação Carismática (RCC), na Paróquia de Santa Luzia, no Meireles. Conheci a Rita e iniciamos o namoro. Frequentamos o estudo bíblico da senhora Antonieta Pontes. A ex-religiosa reunia jovens da RCC e das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base). Fomos até o Dom Edmilson para criar uma CEB na favela da Graviola, perto da Aldeota.

Outra experiência aconteceu entre as ondas fortes da maré de janeiro, quando surfava de peito no Icaraí. Quase morri afogado. Rezei a oração do Coração de Jesus e me deixei jogar para a areia da praia. Depois, descobri que ela é tradicional nos monastérios do início do Cristianismo. Com o uso de nós em um cordão, criado por São Pacômio, os monges analfabetos recitavam 150 salmos. Ao interceder junto ao Sagrado Coração, eles acompanhavam as batidas do coração. Inspiravam orando “Cristo filho de Deus” e expiravam com a frase “tenha piedade de mim”. Eu faço esses cordões, de cetim, com dez nós. O original com 150 era de lã de cordeiro para lembrar o balido chamando o pastor. A franja servia para enxugar as lágrimas.

Eu e Rita nos casamos após o namoro de sete anos. Passamos a morar em uma casa simples. Interrompi a faculdade de Letras para criar uma empresa de informática. Ela passou em um concurso e ficamos seis meses em Recife. Fazia o meu próprio horário na semana e prestava contas em Fortaleza, no domingo.

Alcançamos a estabilidade financeira, acompanhada da correria da modernidade. Deus foi posto em segundo plano. Além do tremor essencial (TE) que tenho desde a infância, e era confundido como mera manifestação de nervosismo, fiquei com síndrome do pânico. Sensação mortal. Terror de elevador e de passear na rua. Acordava apavorado e um dia sofri um apagão na memória por seis horas.

A minha mulher relata que depois do banho, eu quis voltar ao banheiro. Falava de forma desordenada e não reconhecia as minhas irmãs. Os exames neurológicos nada diagnosticaram.

Após a experiência, simplificamos o estilo de vida. Retomei a reflexão da Palavra, agora com a prática da Lectio Divina. Dentro do temário de cada grupo de Leitura Orante está a Oração do Coração de Jesus. No século 12, Guido, um monge da Ordem de São Bruno, dividiu os encontros em leitura, meditação, oração e contemplação. O Concílio Vaticano II, os documentos pastorais e, atualmente, o Papa Francisco, reforçam a continuidade. A Paróquia da Glória iniciou em 2014.

O grupo da família leva o nome da minha mãe, Encontro Bíblico Alba (EBA). Temos um grupo afilhado:o de Pindoretama, dentro da comunidade de Coqueirinho, criado pelo meu sobrinho. Há também em Tancredo Neves e Jangurussu, bairros de Fortaleza.

E assim, a minha vida está marcada pela Lectio Divina, a Oração do Coração de Jesus e o ECC, que reforçou o casamento como uma experiência sacramental.