Artigo: O Profeta da mansidão e da ternura

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* Por Dom Roberto Francisco Ferreria Paz,

Bispo Diocesano de Campos

A Igreja celebra hoje a festa de São Francisco de Sales, um seguidor de Cristo que se caracterizou pela doçura e pelo diálogo, com os cristãos da Reforma em Genebra sua Diocese. Diante da doutrina fria da predestinação que mostrava um Deus impassível e severo juiz, que causava certamente a angustia de pensar na condenação eterna , São Francisco de Sales vivenciou e testemunhou a confiança inabalável em Deus, conseguindo assim uma grande liberdade e tranquilidade espiritual.   Outra marca do seu pastoreio e mensagem foi defender um principio da renovação conciliar: a santidade universal, ou seja, o acesso de todos os batizados a perfeição evangélica.  Na sua obra clássica: Filotéia, afirma que cada cristão no jardim de Deus em que foi plantado deve dar frutos de santidade segundo a sua espécie e estado.

Outro aspecto que fez parte da sua forma de relacionar-se com os fieis e a sociedade secular da época  foi a sua proverbial gentileza e cortesia, pois, sempre ensinou que se atraem mais moscas com uma gota de mel que com um barril de vinagre, o apostolado inicia com a acolhida bem humorada, empática, e paciente fazendo-se como frisava São Paulo: “tudo para todos” , 1 Cor 9,22 ).

Em 1923 o Papa Pio XI o declarou Padroeiro da Boa Imprensa e de todos os jornalistas, pelo valioso empenho deste santo em usar a mídia impressa para chegar a todos, colocando debaixo das portas das casas dos irmãos de todas as confissões, suas mensagens abertas a reflexão e a tolerância.

Curiosamente nos adverte o Papa Emérito Bento XVI, sua casa em Annecy está de fronte a casa de Jean Jacques Rousseau, duas personalidades confrontadas na modernidade, um o santo convertido a Cristo, revelou o caminho da bondade, mansidão e da confiança para realização da pessoa humana, o outro o arauto da educação “natural” sem interferências, sem levar a sério o pecado original, omitindo qualquer referencia a valores o que seria uma imposição autoritária, terminou colocando seus próprios filhos num abrigo para órfãos, renunciando a sua responsabilidade de pai.

Duas opções e dois caminhos, que também hoje se defrontam no campo da cultura e da educação, mas que olhando para o resultado destas duas pessoas e duas vidas, conhecemos os frutos e as consequências.   Deus seja louvado!