A Conferência Brasileira dos Bispos do Brasil (CNBB) decidiu na última terça-feira se aliar ao Comitê Brasil em Defesa das Florestas e apoiar a busca por um Código Florestal mais justo para o meio ambiente e para a sociedade.
O anúncio foi feito na tarde de ontem durante ato público na sede da entidade, em Brasília, exatamente no Dia da Árvore. Para celebrar a data e a adesão da CNBB ao movimento de defesa das florestas, bispos e representantes da sociedade civil plantaram um pé de ipê branco na sede da instituição. “No maior país católico do mundo, ter a Igreja como aliada significa agregar força suficiente para levar a discussão da proteção das florestas, que está ligada à proteção da vida, para seus fiéis, para mobilizá-los em defesa de um Código que garanta a preservação da natureza”, disse o diretor do Greenpeace na Amazônia, Paulo Adário.
A idéia é que o apoio possibilite que a Igreja ajude o Comitê a levar informações sobre o Código Florestal para todo o país e a recolher assinaturas para pressionar o Congresso a atender os interesses do brasileiro. “O Congresso está surdo à voz do povo. É preciso dar um tratamento diferenciado à agricultura familiar para que ela continue a tirar da terra os alimentos que abastecem a maioria da população brasileira”, afirma Adário.
Em discurso, o secretário geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner, recém-nomeado para bispo auxiliar da arquidiocese de Brasília, afirmou que “o Código deve ser pensado para além de nossa geração, mas para as gerações futuras. Ele [o código] deve ser justo, ético e feito para nossos filhos e netos”.
Paulo Adário lembrou ainda que a expansão sem controle do agronegócio é responsável pelo aumento da violência no campo. “Se aprovado como está, o novo Código tende a aumentar a violência e deve gerar ainda mais disputa por terra”.
O Comitê
O Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável é uma coalizão formada por 140 organizações da sociedade civil, entre elas o Greenpeace, todas contrárias ao projeto de lei que propõe a mudança do Código Florestal. O texto foi aprovado em maio deste ano pelo plenário da Câmara e segue agora em discussão no Senado. Lançado no dia sete de junho, o Comitê pretende mobilizar os brasileiros a manifestarem sua discordância e com isso, sensibilizar os senadores para a aprovação de uma lei mais justa com os pequenos proprietários de terra.