Crônica: A lição da tamareira, pagar o mal com o bem

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Amigas e amigos, pagar o mal com o bem é sempre um desafio.  Se o desafio não for superado, o mal vai-se multiplicando e ocupando o lugar que está reservado para o bem.  Sobre o assunto já fomos advertidos pelo missionário Paulo: “Não paguem a ninguém o mal com o mal; a preocupação de vocês seja fazer o bem a todos os homens.” (Rom.12.17).


Por causa de meu trabalho que exige viajar de Dubai no Golfo Pérsico para Fujiarah, no Mar de Omã, preciso atravessar uma região de deserto e uma cadeia de montanhas em cujos vales existem alguns oásis com tamareiras. Muitas delas são centenárias e, apesar da idade, continuam produzindo frutas que ficam presas em cachos lá no alto.


Antes da introdução de tecnologias modernas, só havia duas maneiras de conseguir tâmaras. Uma forma era subindo no tronco da árvore. Contudo, essa apresentava dificuldades porque o tronco é liso, sem galhos para apoiar os pés e as mãos. Uma vez lá no alto, ainda era necessário separar as frutas maduras das verdes. Realizada a colheita, o problema era como descer carregando as tâmaras.


O modo mais usado e mais fácil era jogar pedras, tentando atingir o cacho, esperando que com o impacto, as frutinhas se desprendessem dele para, depois, serem recolhidas do chão.


O uso de pedras jogadas contra a árvore é que me chamou a atenção. A lição está na árvore. Sendo atingida pelas pedras ela devolve o que tem de melhor, a doce e cobiçada tâmara.


Ser como a tamareira, retribuir o mal com o bem, é um desafio.


De fato, o mundo é rico em pessoas apedrejadas que pagam o mal com o bem e são felizes. Embora excluídas, classificadas como bregas e carolas, continuam semeando o amor, a melhor das sementes.


 É assim que vivenciam as palavras do Mestre: “Amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem. Deste modo, sereis os filhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos.” (Mt 5.44-45).

*Missionário Pe. Olmes Milani CS, das Arábias para a Rádio Vaticano