Meditação do Evangelho ? 5º Domingo da Quaresma (Jo 11,1-45)

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Chegamos a 5ª semana desta nossa caminhada quaresmal e a liturgia nos apresenta o Senhor Jesus, que é a ressurreição e a vida, reconduzindo novamente a existência o seu amigo Lázaro, irmão de Marta e Maria que moravam em Betânia, próximo a Jerusalém.


Observando um pouco, dentro da obra do 4º Evangelho, o “tema da vida” está muito presente na prática de Jesus e em seus ensinamentos: (1) na conversa com Nicodemos, onde somente terá posse do “Reino de Deus (da vida eterna ou simplesmente da vida – em termos joaninos) quem nascer de novo, da água e do Espírito” (Jo 3,3.5). (2) Também com o encontro com a samaritana no poço de Jacó, onde a água viva que brota de quem faz a experiência com a verdadeira fonte que é Jesus sacia toda a nossa necessidade de fé, de amar e ser amado (Jo 4, 13s). (3) No emblemático discurso do pão da vida (Jo 6,33), pão de Deus que desce do céu também sacia a fome do coração humano e (4) no anúncio de sua identidade como “luz do mundo” que nos guia pelo caminho oposto às trevas – luz da vida – (Jo 8,12) dada para que todos a tenham em abundância (Jo 10,10).


No episódio deste final de semana, Jesus atende o chamado das irmãs, pois a enfermidade já alcançara Lázaro – “Senhor aquele que o amas está doente” (Jo 11,3).


As atitudes de Jesus são de notável delicadeza, sensibilidade e amizade profunda com os seus amigos, pois Ele se dispõe a retornar à Judéia mais uma vez, mesmo correndo risco de vida (Jo 11,7s), inclusive chegando a chorar pelo amigo querido (Jo 11,35).


Também é encantador o diálogo entre Jesus e Marta, em especial naquilo que o Senhor diz a respeito de si mesmo e da vida eterna: “Eu sou a ressurreição. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim não morrerá jamais! Crês isto?” (Jo 11,25s)

O texto também apresenta o pedido de Marta como um exemplo de oração confiante e de abandono nas mãos do Senhor que sabe melhor que nós o que nos convém. Não é um pedido para que seu irmão voltasse à vida, mas a certeza que o pedido feito com fé, segundo a vontade divina, em nome de Jesus será sempre nos concedido o melhor!


“Eu sou a ressurreição e a vida …” (Jo 11, 25). Estamos diante de uma das definições breves que o Senhor deu de Si mesmo! É a ressurreição porque com a Sua Vitória sobre a morte é causa da ressurreição de todos os homens. Por isso para quem tem fé a morte não é o fim, mas a passagem para a vida eterna, uma transformação, uma nova morada como rezamos num dos Prefácios da Liturgia dos defuntos: “Senhor, para os que crêem em vós, a vida não é tirada, mas transformada. E, desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado nos céus, um corpo imperecível.”


Jesus ainda nos ensina que a glória do Pai é presente na vida daqueles que crêem (Jo 11,40). Este ensinamento introduz a oração de ação de graças dirigida ao Pai, seguida pela ordem: “Lázaro, vem para fora!” (Jo 11,41s).


Neste tempo da quaresma, onde Deus deseja a nossa conversão e conseqüentemente o nosso retorno a vida, assim também somos convidados pelo próprio Senhor a sair das trevas do pecado que nos prendem ainda e mesmo atados pelos laços da morte buscarmos a nossa libertação no sacramento da reconciliação, para então seguirmos o caminho de uma vida nova e plena em Deus – que escuta a nossa voz das profundezas onde nos encontramos (Sl 129/130), segundo o Espírito e não mais seguindo “a carne” (Rm 8,8-11).


O atual processo de produção industrial em larga escala, impede recuperação da vida do planeta nas áreas continuamente desmatadas, queimadas e devastadas. Os interesses comerciais, sempre visando o lucro, estão perpetuando a miséria e a morte dos pequenos. Isto tudo agrava ainda mais a nossa condição de vida, uma vez que ainda estamos com as mãos atadas e os pés amarrados pela nossa falta de indignação e desarticulação na procura e cumprimento dos nossos direitos a vida plena que o Senhor veio nos dar!


Em Jesus, o bom pastor e Maria nossa Mãe.

Pe. Fernando Antonio Carvalho Costa