"Quaresma, tempo de reconcilicação", por Pe. Francisco de Assis Filho

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Você gostaria de fazer uma boa confissão?


É fácil e depende muito de você. Siga estes passos:

1. Escolha um lugar silencioso (a própria igreja, de preferência sentado, longe de quem possa puxar uma conversa, ou fique diante de um crucifixo).

2. Pense na misericórdia de Deus que aceitou trocar a sua vida para que nossos pecados fossem perdoados. Peça luzes ao Espírito Santo. Faça isso com uma oração silenciosa saída de seu coração.

3. Leia um dos textos sugeridos a seguir. São tirados da Bíblia …  diante da Palavra de Deus pergunte-se: o que Deus está me dizendo através deste texto?


Mt 3,1-2

At 2, 37-41

Ez 18,21-32

Sl 65, 1-6

Lc 7, 36-50

Mt 25, 21-46

4. As questões abaixo são apenas para lhe ajudar a pedir perdão a Deus a quem você pode ter ofendido em pensamentos, palavras e ações, quer em relação a Ele, a você ou aos outros.

Faça seu ‘exame de consciência’ sabendo que Jesus resumiu tudo em dois mandamentos: amor e amor. Você tem vivido este amor? Qual o maior pecado que acha ter cometido contra este amor? Já acusou este pecado?


Em relação a Deus: tem lido diariamente Sua palavra? Tem rezado? Criticou negativamente sua Igreja, difamando-a? Freqüentou o espiritismo, a umbanda ou outras denominações que deixam de lado a ressurreição e preferem acreditar em reencarnação? Tem frequentado a missa dominical? Alguma coisa o(a) separa da vida sacramental? Contribuiu com seu dízimo e suas esmolas para a manutenção do culto e a ajuda aos necessitados? Procurou viver como um filho querido que Deus escolheu?


Em relação a mim mesmo: praticou atos contra a sua dignidade de pessoa, ou a moral? Não foi coerente com a sua fé?


Em relação aos outros: Cometeu injustiças? Prejudicou a outras pessoas? Pagou como deve aos que trabalham para você? Difamou os outros? Injuriou? Guardou ódio? Como trata seus pais? seus filhos? seus empregados? as crianças? Como tem tratado a seus companheiros de escola e de trabalho? Seu relacionamento íntimo tem sido digno de um cristão? {pense em seu namorado(a), noivo(a), ou esposo(a)}. Sinceramente, diante de Deus, você os ama como Ele quer que você os ame?

5. Isto é muito importante: ponha sua confiança na misericórdia de Deus. Jogue-se em seus braços de Pai. Não deixe que um complexo de culpa tome conta de você. Ele morreu por você, pagou um alto preço pela sua salvação, pagou com a vida e, isso é o que mais importa. Diga a Ele que deseja refazer estes laços que se quebraram, e que você o fará agora, apresentando-se como pecador(a) diante do sacerdote.


6. Apresente-se ao padre. Relate seus pecados com simplicidade. Se preciso, ele o ajudará. Seja sincero(a) diante de Deus e de seu representante. Aceite humildemente as orientações daquele que, como ministro do perdão, lhe dá em nome de Cristo. Diga então, seu ato de contrição. Faça-o de coração. Não precisa usar fórmula pronta. Apenas como sugestão apresento-lhe esta: Meu Deus, eu me arrependo de todo o coração de vos ter ofendido, porque sois tão bom e amável. Prometo, com a vossa graça, esforçar-me para ser melhor. Meu Jesus misericórdia. O sacerdote em nome da Igreja, vai estender a sua mão sobre você (incline sua cabeça) e pronunciar as palavras da absolvição. Vai lhe impor também uma penitência a cumprir.


Lembre-se ainda que a confissão, embora seja um ato individual, trata-se de um sacramento a ser recebido com fé e como Igreja. Outros ainda aguardam para serem atendidos e também para eles, o tempo é precioso.

7. Retorne ao seu lugar. Agradeça a Deus a sua reconciliação com Ele e com a Igreja da qual você faz parte. Esta é a hora de pedir, por intercessão de Maria a graça da perseverança em seus propósitos, não se esquecendo de cumprir a penitência imposta pelo sacerdote.

Mas o que é mesmo um pecado?


Nós fomos criados para o bem, para a graça, para a santidade e não para o mal.


Nós todos experimentamos no íntimo de nosso ser a fragilidade, a inclinação para o mal, a capacidade de pecar. E, sobretudo, constatamos que no mundo em que vivemos são muitas as ocasiões de pecado: injustiças, violências, pornografia, degradação moral, falta de escrúpulo em prejudicar os outros etc.


Entretanto, muitas pessoas não entendam, com exatidão, o sentido do pecado. Acham que o pecado é simplesmente o erro, ou confundem o pecado com o complexo de culpa.

Para se entender bem o pecado, é preciso lembrar que Deus fez uma aliança de amizade com os homens.


Para nós cristãos essa aliança se concretiza no Batismo, reafirma-se na Crisma e é refeita em cada Sacramento. Assim, o matrimônio, por exemplo, é uma renovação da aliança com Deus, ao dedicar uma vida de amor ao seu parceiro ou parceira.


Assim, o mal que praticamos não é simplesmente erro moral. É, antes, um rompimento da aliança com Deus, que Ele fez conosco no sangue de Cristo. “Vós éreis outrora estrangeiros e inimigos, pelo pensamento das obras más, mas agora, pela sua morte, ele vos reconciliou no seu corpo de carne, entregando-se à morte para diante dele vos apresentar santos e irrepreensíveis…” (Col 1, 21-22)


O pecado é, então, um mistério de iniquidade, muito mais que simples malícia de ordem natural. O pecado deve ser entendido à luz da fé.


Há pois, que entender e não confundir pecado com complexo de culpa. Este, é apenas o sentimento por conta do erro cometido, e isso nos rebaixa e humilha. Ora, isso pode acontecer até por conta de erros involuntários, não culpáveis.


Por sua vez, o pecado resulta de uma tomada de posição voluntária, que se assume conscientemente e que envolve uma ruptura com Deus. Ter consciência do que se faz (ou até por vezes de deixar de fazer algo bom – pecado de omissão) está na base de todo pecado. Nesse sentido, o pecado é sempre algo grave já que livremente aceita cometê-lo.


Costuma-se dizer que um pecado para ser considerado grave supõe:


– Uma tomada de posição voluntária e culpável contra Deus


– Por atos ou omissões, pensamentos ou desejos em que a posição contra Deus se manifesta.


– Este envolvimento e esta posição contra Deus traz repercussões inevitáveis de ordem espiritual.


Há que considerar que o pecado, necessariamente tem uma dimensão comunitária. Apesar de parecer apenas pessoal, repercute na própria Igreja. Mal comparando, é como se déssemos uma martelada em um dedo, ferindo-o e não admitíssemos que a martelada foi em nós. Todo o nosso corpo sofre. “Na Igreja e como Igreja, somos membros uns dos outros”. Além disso, não poucos pecados se prolongam e ficam fazendo parte da estrutura social. Por exemplo, as injustiças, a pornografia a descrença generalizada. São exemplos de como o pecado atua como um câncer que vai corroendo por dentro. Acaba levando à morte, não fosse a misericórdia do perdão divino.


Dizia Paulo VI: “por insondável e gratuito mistério da divina disposição, acham-se os homens de tal modo unidos entre si que o pecado de um prejudica aos outros, como também a santidade de um traz benefícios aos outros”.


É, pois, o pecado um fenômeno que deve ser visto à luz da fé, daquilo que cremos e que contém em si mesmo conseqüências incalculáveis e muito sérias com implicações para a vida da Igreja da qual somos membros e de onde se origina e vivemos nossa fé.


Solução?


A maravilhosa palavra de Jesus dada a sua Igreja: “Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; aqueles a quem os  retiverdes ser-lhes-ão retidos” (Jo 20,23)

Obrigação de se confessar


Tantas vezes quantas sentiu que rompeu sua aliança batismal do ser filho de Deus;

Ou ao menos uma vez por ano.

Por que confessar-se a um sacerdote?


Uma questão de competência. Assim como cabe a um médico tratar um paciente, a um advogado, defender, a um juiz julgar, por terem competência legal para tal, assim também, ao sacerdote compete ouvir, julgar e perdoar ou não, por ser o representante de Cristo. Não por ser santo ou pecador, mas por ser sacerdote ele tem em seu ministério, o poder de, em nome de Cristo, perdoar os pecados.

Horários de confissão


Normalmente de terça a sexta, das 15 às 18 horas, na matriz da Glória.


Extraordinariamente acontecem alguns mutirões. São avisados ao final das missas dominicais.


Para doentes: Horários a combinar com o Ministro Extraordinário da Eucaristia que atende a sua região (ou sua rua). Você o conhece? Contate-o.

Padre Francisco de Assis Filho