Um Cristão, se não é revolucionário, neste tempo, não é Cristão

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Uma reflexão sobre os protestos no Brasil a luz da revolução proposta por Francisco


No discurso aos participantes da Assembleia Diocesana de Roma, na semana passada (17/06/2013), o Santo Padre nos falou sobre a grande Revolução de Cristo, da qual todos devemos participar. Mas por uma incrível “coincidência” (o Espírito sabe das coisas), coincidiu com a onda de protestos aqui no Brasil. E, como não poderia deixar de ser, muitos utilizaram a declaração do Papa apenas como chamado para as passeatas que vimos acontecer nas principais cidades do país.  Mas a verdadeira revolução é muito maior. 


“Um cristão, se não é revolucionário, neste tempo, não é cristão” (Papa Francisco)


Essa frase circulou pela internet e serviu de base para muitos discursos inflamados em que, sobretudo os jovens, conclamavam os católicos a saírem às ruas em apoio aos protestos que ocorreram quase diariamente.  E toda essa mobilização tinha um ponto de partida muito justo: o imenso desejo de verdade e justiça dentro do coração de todos nós.  Toda aquela multidão que lotou as ruas do país nestes dias históricos trazia em cada cartaz, em cada palavra de ordem, a esperança de encontrar uma resposta que respondesse a todos estes anseios.  Era, no fundo, um grande grito de milhares de corações desejosos de algo maior.


E justamente por isso, vale a pena contextualizar melhor esta declaração e entender que Francisco nos pedia muito mais do que simplesmente protestar.


“Houve muitos revolucionários na história, tantos, mas nenhum teve a força desta revolução que nos trouxe Jesus: uma revolução para transformar a história, uma revolução que muda em profundidade o coração do homem” (Papa Francisco)


Essa é a verdadeira revolução! Aquela que muda por dentro. E a partir daí, muda o mundo inteiro. A revolução de Cristo é aquela que dá sentido ao vazio que todos sentimos no peito e que tentamos preencher com tantas e tantas distrações, incluindo aquelas ideologias que nos fazem ir às ruas para salvar o mundo, só pra perceber que não salvamos nem a nós mesmos.


Revolução significa mudança de direção. Exatamente o mesmo sentido de outra palavra bem conhecida de todos nós: “Conversão”. A Revolução de Cristo significa Conversão. E se um Cristão não se converte todos os dias, se não é capaz de perceber a presença de Cristo na vida e na realidade, se não se sente tocado por isso, não é Cristão.


Essa é a revolução a partir da qual tudo muda. É por isso que a Igreja Católica é a maior organização de caridade do mundo. É por isso que nossos missionários formam o maior exército de auxílio aos necessitados da África e de diversos campos de refugiados. É por isso que, dentro da sua paróquia, existem tantas pastorais e serviços cuja única função e ajudar o próximo. Não é porque somos bonzinhos. É porque sabemos o verdadeiro valor de cada pessoa. É porque sabemos onde está o verdadeiro sentido da vida e da realidade. E não está nas ideologias, mas em Cristo.


É Cristo que nos tira da mediocridade e nos faz grandes. É Ele que abre nossos olhos para a realidade e para nós mesmos.


É por isso que a Igreja Católica mudou o mundo nestes 2000 anos. Muito mais do que qualquer partido político ou ideologia. Essa é a verdadeira revolução.

Alexandre Varela é catequista de Crisma, coordenador do Vozes Católicas Brasil e, junto com sua esposa, Viviane da Silva, é fundador e editor do blog: O Catequista. (www.ocatequista.com.br).