O mês de setembro, para os católicos no Brasil, é o mês dedicado ao Livro Sagrado. Comemora-se o dia da Bíblia no último domingo de setembro, mas o dia 30 de setembro é consagrado a São Jerônimo (340-420), grande e profundo estudioso da Palavra de Deus, traduzindo-a dos originais em hebraico e grego para o latim, que, naquela época, era a língua falada no mundo e usada na liturgia da Igreja. Como é indispensável possuir a Bíblia como um livro de oração, numa segura crença, a partir da mais absoluta convicção, levados, evidentemente, pela obediência da fé!
Devemos sempre mais nos convencer de que a Cartilha, gramática ou enciclopédia do povo de Deus, é o Livro Sagrado, inspirado e inspirador, que, de modo correto, orienta homens e mulheres nas diversidades de dons, talentos, carismas e funções. Ela foi escrita num passado distante, por pessoas que viveram determinados contextos diferentes do nosso. Mas isso não importa. Ela é sempre atual, viva e eficaz, mais cortante que qualquer espada de dois gumes, capaz de penetrar, a ponto de dividir alma e espírito, sempre eterna (cf. Hb 4, 12).
Por isso mesmo, Deus quer, através dela, enriquecer suas criaturas. É uma graça divina incomensurável contar com esse didático e pedagógico livro, ontem, hoje e por a toda eternidade, na palavra de Josué: “Que o livro desta Lei esteja sempre nos teus lábios: medita nele dia e noite, para que tenhas o cuidado de agir de acordo com tudo que está escrito nele. Assim serás bem-sucedido nas tuas realizações e alcançarás êxito” (cf. Js 1, 8).
Nossa missão, decorrente do batismo, é para que sejamos pessoas marcadas pela graça de Deus, no anúncio e no testemunho, com a tarefa de transformar a realidade, marcada pelo pecado e por todo tipo de contradição, no dever de fermentá-la e transformá-la numa nova civilização, apresentando ao mundo sinais de esperança e solidariedade, não através de belas palavras ou de pregações bonitas e milagrosas, mas, acima de tudo, pela prática e pelo testemunho. Deus leva em conta a mística, bem como o testemunho e o modo coerente de viver.
É como assevera a música litúrgica: “Tua palavra é lâmpada para os meus pés, Senhor! (…) luz para o meu caminho”, causando nos seres humanos sempre mais o sentido da vida, não segundo a lógica deste mundo. Que a palavra de Deus possa ser, de verdade, um maravilhoso farol a iluminar a existência da humanidade, animando-a a voltar-se para a “casa comum”, no desejo do Papa Francisco (08/09/2016), ao insistir no apelo pelo cuidado com o meio ambiente, ressaltando o papel das religiões nessa tarefa. O Santo Padre enfatizou que cada pessoa que crê está em defesa da criação e da vida, de forma que não pode ficar muda ou de braços cruzados diante de tantos direitos aniquilados impunemente.
*Pároco de Santo Afonso e vice-presidente da Previdência Sacerdotal, integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza – geovanesaraiva@gmail.com
** Título original do artigo: “Farol a iluminar a existência humana”