Pe. Carter Griffin, autor do livro “Por que o celibato? Reivindicando a paternidade do sacerdote”, disse à CNA – agência em inglês do Grupo ACI – que o celibato existe desde a época de Jesus Cristo, que também era celibatário.
“O celibato permite certa abertura do coração, permite ampliar o coração e, assim, facilita a capacidade de um homem para viver seu sacerdócio e se entregar aos outros”, ressaltou o sacerdote.
Por sua vez, Peter Daly escreveu um artigo, em 15 de julho, no ‘National Catholic Reporter’, no qual assinalou que “não podemos falar de uma reforma real do sacerdócio católico, se não deixarmos de lado o celibato obrigatório para os sacerdotes diocesanos no rito latino”.
Seguindo sua explicação sobre o celibato, Pe. Griffin enfatizou que Cristo “realmente precisava estar disponível para todos. Se seu coração tivesse alguma predileção por uma esposa ou filhos, simplesmente não poderia ter feito o que pretendia fazer”.
“Eu acho que ser ordenado para amar como sacerdote, com amor sacerdotal e paternidade espiritual, é uma das principais razões, se não a principal, para o celibato”.
O celibato, disse, aponta para a existência de Deus e de outras realidades sobrenaturais, já que recorda aos demais que “nossos bens mais preciosos não são os prazeres terrenos, mas aqueles que são maiores e mais elevados”.
Para Daly, seria melhor ter sacerdotes casados e com filhos, para que assim possam estar “mais conscientes da vulnerabilidade das crianças e, assim, reagir com mais indignação ao abuso”.
A esse respeito, Pe. Griffin admitiu que pode haver alguma verdade nessa declaração, mas enfatizou que “há muitas coisas que aprendi como pai espiritual que são muito úteis para pais naturais ou biológicos que estão perto de mim”.
Aos argumentos que afirmam que permitir sacerdotes casados aumentaria sua quantidade, Pe. Griffin disse que isso não é verdade e que a crise das vocações não será resolvida com a redução na exigência dos requisitos para o sacerdócio.
“Se o correto são os sacerdotes celibatários, então busquemos a forma de construir a cultura católica, como fizemos todas as vezes que este assunto apareceu com força ao longo dos séculos. O que temos que mudar é o que causa a escassez de vocações e não os padrões para entrar em seminários”.
Ao argumento que defende que o celibato gera “repressão sexual” nos sacerdotes, algo que pode resultar em abusos, Pe. Griffin destacou que “uma objeção como essa só pode vir de uma cultura que sofre com a reiteração da ‘revolução sexual’, que busca nos convencer de que não podemos nos controlar sexualmente e que qualquer restrição é necessariamente doentia”.
“Todos conhecemos pessoas que não são casadas e que são pessoas muito equilibradas e boas. Além disso, a grande maioria dos sacerdotes é feliz em sua vocação e faz um trabalho bom e fiel. Deste modo, eu não acho que seja certo pegar alguns exemplos das manchetes e convertê-los em universais”, explicou o sacerdote.
O problema, destacou, não está no celibato, mas na infidelidade a si mesmo ou no adultério quando a pessoa é casada.
Em seguida, Pe. Griffin explicou a importância de promover a castidade em “uma cultura hiperssexualizada” e que os pais “levem a sério a formação integral e saudável de seus filhos para que cresçam e se tornem homens e mulheres santos, autenticamente cristãos que vivam castos e puros”.
“Se fosse assim, se redobrássemos nossos esforços como famílias católicas, então a crise de vocações desapareceria”, destacou.
Pe. Griffin também compartilhou sua própria experiência como sacerdote.
“Eu planejava me casar. Eu adoraria me casar e ter uma família, mas o Senhor usou esse desejo e o transformou. Agora eu sou um homem mais feliz”, ressaltou.
“Acho que muitos sacerdotes podem dizer a mesma coisa e espero que as pessoas possam ver isso, apesar de todas as coisas que agora têm que enfrentar: muitos padres vivem sua vocação com alegria e beleza”, concluiu.