?Maria, Mãe da Igreja?, por Dom José Antônio, arcebispo de Fortaleza

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Pela primeira vez, neste ano, na Segunda-feira após o Domingo de Pentecostes, estaremos celebrando Maria, Mãe da Igreja em Memória Litúrgica decretada pelo Papa Francisco para o Calendário da Igreja a partir desta data.


Foi o Papa Paulo VI que, no clima do Concílio Vaticano II, aproclamou com este título: Mãe da Igreja: “Assim para a glória da Virgem e consolo nosso, Nós proclamamos a Maria Santíssima ‘Mãe da Igreja’, isto é, Mãe de todo o povo de Deus, tanto dos fiéis como dos pastores que a chamam Mãe amorosa, e queremos que de agora em diante seja honrada e invocada  por todo o povo cristão com este gratíssimo título.” (Discurso no encerramento da III Sessão Conciliar – 21/11/1964).


Assim a Constituição Dogmática sobre a Igreja do Concílio Vaticano II, Lumen Gentium – 53 (promulgada a 21/11/1964) a reconhece como “ … verdadeiramente mãe dos membros (de Cristo)…porque com o seu amor colaborou para que na Igreja nascessem os fiéis, que são os membros daquela cabeça”(Santo Agostinho – De s. virginitate 6). Por esta razão é também saudada como membro supereminente e absolutamente singular da Igreja, e também como seu protótipo e modelo acabado da mesma, na fé e na caridade; e a Igreja católica, guiada pelo Espírito Santo, honra-a como mãe amantíssima, dedicando-lhe afeto de piedade filial.”


Assim deseja o Papa Francisco que esta promova a genuina piedade mariana dos pastores, dos religiosos e de todos os fiéis da Igreja e ser-lhes de proveito. Esta celebração ajudará a meditar que, para que a vida cristã cresça deve fundar-se no mistério da Cruz, na oblação de Cristo no convívio eucarístico, que a Mãe do Redentor e dos redimidos oferece.


Este caminho de santidade que a Virgem Maria, por primeiro, no seguimento de Cristo, viveu, seja o mesmo para todos os membros de Cristo, para toda a Igreja. Ela, Mãe da Igreja, caminha na frente e com sublime perfeição no Caminho que é Cristo para ser modelo e exercer sua maternidade eclesial para com todo o Corpo de Cristo.


E propondo para toda a Igreja “A Alegria e o Júbilo” da Santidade em sua Exortação Apostólica Gaudete et Exultate de 19 de março de 2018, o Papa Francisco assim conclue: “Desejo coroar estas reflexões com a figura de Maria, porque Ela viveu como ninguém as bem-aventuranças de Jesus. É Aquela que estremecia de júbilo na presença de Deus. Aquela que conservava tudo no seu coração e Se deixou atravessar pela espada. É a mais abençoada dos santos entre os santos. Aquela que nos mostra o caminho da santidade e nos acompanha. E, quando caímos, não aceita deixar-nos por terra e, às vezes, leva-nos nos seus braços sem nos julgar. Conversar com Ela consola-nos, liberta-nos, santifica-os. A Mãe não necessita de muitas palavras, não precisa que nos esforcemos demasiado para Lhe explicar o que se passa conosco. É suficiente sussurrar uma vez e outra: ‘Ave Maria…’ “ (Gaudete et Exultate, 176 – Papa Francisco)


A Igreja toda e mesmo a Humanidade em sua totalidade, mais do que nunca, em nossos dias necessita reaprender os laços do amor na maternidade, na paternidade, na fraternidade, no “ser família”. Esta é a graça da maternidade, que a Mãe do Redentor e de todos os redimidos vem renovar. Maria é a Mãe da Igreja, “sacramento, isto é, sinal e instrumento da íntima comunhão dos homens com Deus e dos homens entre si”. (Lumen Gentium, 1)


Necessitamos da ternura materna de Maria, Mãe da Igreja, Mãe da Família dos filhos de Deus.

+ José Antonio Aparecido Tosi Marques

Arcebispo Metropolitano de Fortaleza