No início da exposição, uma provocação: “O que nós queremos? O que esperamos dos nossos relacionamentos familiares? Às vezes o que é mais importante não está claro”, afirmou José Roberto. Ele destacou que homem e mulher são chamados a formar uma nova família. “Trazemos de nossas famílias de origem alguns padrões, influências, culturas… Mas somos chamados a nascer de novo, a construir uma coisa nova. Não podemos simplesmente repetir o que nossos pais fizeram”, salientou. As diferenças, se não forem trabalhadas, podem gerar uma série de conflitos.
O médico ressaltou que muitos desejam paz, amor, respeito, harmonia e união para suas famílias, entretanto não estão dispostos a ceder para conquistar o que tanto almejam. “Se você mudar, você transforma o ambiente ao seu redor. A questão é que as pessoas não persistem. Mudança de hábito leva tempo”, enfatizou. “Padre Henri Caffarel certa vez disse que ‘um grande amor exige um grande trabalho: não é obra de um dia, não é tarefa fácil’”, apontou.
José Roberto destacou ainda que a linguagem e a cultura constroem o ser humano. Por isso precisamos rever as nossas atitudes e nos reconstruir. “O amor comporta até mesmo a desavença, pois é aquele que perdoa. Desentender-se faz parte; mas reconciliar-se é fundamental”, lembrou.
De vez em quando a família enfrenta crises. Segundo o psiquiatra Antonio Mourão, é impossível evitar que um casal entre em crise. “Mas a força do relacionamento familiar está na capacidade de amar e de ensinar a amar. Por mais que esteja ferida, a família sempre pode crescer no amor”, enfatizou o médico e terapeuta.
Não existe receita pronta
O médico sublinhou, ainda, que não existe receita pronta para o relacionamento familiar. “A única receita é perseverar no amor, no respeito, no perdão. Com isso, colheremos os frutos mais à frente. O amor é uma arte que requer conhecimento e esforço”, completou.
É preciso buscar o outro, dialogar, perguntar, conhecer. Isso é fundamental para o relacionamento familiar. “O amor implica cuidado, responsabilidade, respeito e conhecimento do outro. Muitas vezes os pais não conhecem os filhos e estes acabam amando mais os amigos que os próprios pais”.
Praticando o diálogo
- Verificar o modo de perguntar, a forma de responder, o tom de voz usado, o momento escolhido para falar… “Lembre-se que autoridade é diferente de autoritarismo”.
- Escutar mais antes de dar soluções e conselhos. “Isso é difícil, pois quando ouvimos o problema relatado, logo queremos intervir e cortamos o diálogo, perdendo a oportunidade de colher mais elementos”.
- Despojar-se da pressa, e colocar de lado as próprias necessidades e urgências.
- Colocar-se no lugar do outro.
- Expressar os sentimentos e não os julgamentos. “Falamos muito do erro do outro, mas não expressamos os nossos reais sentimentos. É como a esposa que esbraveja quando o esposo se atrasa, sem lhe falar que estava preocupada ou sentindo sua falta”.