Artigo: Engenharia genética e moralidade

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A engenharia genética é um conjunto de técnicas que envolvem a manipulação de genes de um determinado organismo. Esta manipulação geralmente se dá de forma artificial. Ela envolve duplicação, transferência e isolamento de genes, com o objetivo de produzir organismos geneticamente melhorados para desempenharem melhor suas funções e produzir substâncias úteis ao homem. Nos últimos anos houve enormes avanços no campo da engenharia genética.


Obviamente, trocar um gene defeituoso por outro, saudável, e curar uma doença é algo louvável. Porém, se a modificação genética fosse feita somente para tornar o ser humano mais forte como, por exemplo, em atletas para aumentar sua competitividade ou para um ser humano ficar mais bonito com olhos azuis ou maior força física etc., sem razão médica, há perguntas importantes a serem respondidas. Porque talvez estamos entrando na área da eugenia.


A ambição da eugenia é usar a ciência para controlar a natureza humana até para fins considerados bons, para aumentar nossa eficiência. O nazismo de Adolf Hitler usou a eugenia para mostrar que a raça alemã era superior a outras raças, por isso, segregava negros, judeus e ciganos que mais tarde foram mortos no Holocausto. Pela sua natureza, o desenvolvimento da engenharia genética convive com problemas legais e éticos. Um dos principais fatores que exigem um controle rígido pela sociedade organizada, e que tem gerado polêmicas ético-morais, é a manipulação do genoma de seres vivos com fins eugênicos, ou seja, a de depuração da espécie. Outro caso é a retirada de células-tronco de embriões humanos, principalmente condenada por religiões cristãs, que consideraram o ato uma agressão à vida. A escolha dos melhores embriões, a escolha do sexo do filho, o aborto porque o feto tem defeitos físicos, a esterilização por motivos de raça ou debilidade mental etc. tudo isso é influenciado pela engenharia genética e tem fortes tendências eugenicas.


Grandes cientistas criticam a manipulação do material genético sem finalidade médica. Nesta área a moral católica condena os seguintes casos: a) o aborto em si por qualquer motivo e especificamente o aborto quando o feto tem defeito físico ou mental, ou tem o sexo não desejado; b) os vários tipos de inseminação artificial; c) a fecundação “in vitro”; d) laqueadura das trompas (provavelmente lícito em certos casos graves); e) eutanásia; e f) distanásia. Há cientistas que nos alertam para os riscos de se querer controlar a natureza humana. Acredito que o conhecimento científico seja irrestrito, mas argumento que seu uso social deve ser bem regulado.

* Pe. Dr. Brendan Coleman c Donald, Redentorista