O presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB, dom Eduardo Pinheiro da Silva, envia carta aos padres e responsáveis pela evangelização da juventude no Brasil. No texto, o bispo recorda os momentos preciosos da JMJ com a visita do Papa Francisco e pede: “precisamos auxiliar os jovens no seu discernimento vocacional. A vocação foi o principal tema abordado na tarde do dia 28 no encontro com os jovens voluntários da JMJ”.
Confira o texto na íntegra:
Brasília, 01 de Agosto de 2013.
Caros responsáveis pela evangelização da juventude.
“Gracias a los Hermanos Obispos, a los sacerdotes, a los seminaristas, a las personas consagradas y a los fieles laicos que acompañan a los jóvenes […] en su peregrinación hacia Jesús.” (Papa Francisco)
Quantas graças recebidas pelas palavras, pelos testemunhos, pela convivência daqueles que participaram, física ou virtualmente, da JMJ Rio 2013! A voz de nosso Pastor, o Papa Francisco, ele, também, peregrino, ainda ressoa em nossos corações desejando que o acolhamos na efetivação de nossos trabalhos a favor dos jovens. Quanta riqueza em uma semana! Recordemos, saboreando-as, as palavras de quem falou com os olhos, com o coração, com o sorriso, com as mãos abençoadas.
No dia 22 de julho, horas antes de chegar em nosso país, durante o voo ao Brasil, Papa Francisco disse aos jornalistas: “… quando isolamos os jovens, praticamos uma injustiça: despojamo-los da sua pertença. Os jovens têm uma pertença: pertença a uma família, a uma pátria, a uma cultura, a uma fé… Eles têm uma pertença, e não devemos isolá-los! Sobretudo não devemos isolá-los inteiramente da sociedade! Eles são verdadeiramente o futuro de um povo! Isto é verdade; mas não o são somente eles: eles são o futuro, porque têm a força, são jovens, continuarão para diante. Mas também, no outro extremo da vida, os idosos são o futuro de um povo.”
Assim que chegou, na Cerimônia de Boas-Vindas, ele nos chamou a atenção para considerarmos o valor que o jovem tem em nosso meio:
“Cristo abre espaço para eles, pois sabe que energia alguma pode ser mais potente que aquela que se desprende do coração dos jovens quando conquistados pela experiência da sua amizade. Cristo “bota fé” nos jovens e confia-lhes o futuro de sua própria causa: “Ide, fazei discípulos”. Ide para além das fronteiras do que é humanamente possível e criem um mundo de irmãos. Também os jovens “botam fé” em Cristo. Eles não têm medo de arriscar a única vida que possuem porque sabem que não serão desiludidos.”
“… ao dirigir-me aos jovens, falarei às suas famílias, às suas comunidades eclesiais e nacionais de origem, às sociedades nas quais estão inseridos, aos homens e às mulheres dos quais, em grande medida, depende o futuro destas novas gerações.”
“Os pais usam dizer por aqui: “os filhos são a menina dos nossos olhos”. Que bela expressão da sabedoria brasileira que aplica aos jovens a imagem da pupila dos olhos, janela pela qual entra a luz regalando-nos o milagre da visão! O que vai ser de nós, se não tomarmos conta dos nossos olhos? Como haveremos de seguir em frente?”
“A juventude é a janela pela qual o futuro entra no mundo. É a janela e, por isso, nos impõe grandes desafios. A nossa geração se demonstrará à altura da promessa contida em cada jovem quando souber abrir-lhe espaço. Isso significa: tutelar as condições materiais e imateriais para o seu pleno desenvolvimento; oferecer a ele fundamentos sólidos, sobre os quais construir a vida; garantir-lhe segurança e educação para que se torne aquilo que ele pode ser; transmitir-lhe valores duradouros pelos quais a vida mereça ser vivida, assegurar-lhe um horizonte transcendente que responda à sede de felicidade autêntica, suscitando nele a criatividade do bem; entregar-lhe a herança de um mundo que corresponda à medida da vida humana; despertar nele as melhores potencialidades para que seja sujeito do próprio amanhã e corresponsável do destino de todos. Com essas atitudes precedemos hoje o futuro que entra pela janela dos jovens.”
No dia 24, aos pés da Mãe Aparecida, em seu Santuário Nacional, o Papa suplicou pela nossa responsabilidade de educadores e evangelizadores de jovens: “Assim, de cara à Jornada Mundial da Juventude que me trouxe até o Brasil, também eu venho hoje bater à porta da casa de Maria, que amou e educou Jesus, para que ajude a todos nós, os Pastores do Povo de Deus, aos pais e aos educadores, a transmitir aos nossos jovens os valores que farão deles construtores de um País e de um mundo mais justo, solidário e fraterno.”
“Queridos irmãos e irmãs, sejamos luzeiros de esperança! Tenhamos uma visão positiva sobre a realidade. Encorajemos a generosidade que caracteriza os jovens, acompanhando-lhes no processo de se tornarem protagonistas da construção de um mundo melhor: eles são um motor potente para a Igreja e para a sociedade. Eles não precisam só de coisas, precisam sobretudo que lhes sejam propostos aqueles valores imateriais que são o coração espiritual de um povo, a memória de um povo.”
Na tarde do mesmo dia, no Hospital São Francisco de Assis, o Papa pediu-nos maior atenção na luta contra o mundo das drogas e nos gestos de solidariedade diante dos atingidos por elas:“A chaga do tráfico de drogas, que favorece a violência e que semeia a dor e a morte, exige da inteira sociedade um ato de coragem. Não é deixando livre o uso das drogas, como se discute em várias partes da América Latina, que se conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência química. É necessário enfrentar os problemas que estão na raiz do uso das drogas, promovendo uma maior justiça, educando os jovens para os valores que constroem a vida comum, acompanhando quem está em dificuldade e dando esperança no futuro. Precisamos todos de olhar o outro com os olhos de amor de Cristo, aprender a abraçar quem passa necessidade, para expressar solidariedade, afeto e amor.”
Na Comunidade de Varginha, no dia 25, nosso Pastor recordou que há valores que deverão ser sempre defendidos para a vida da juventude:“Não existe verdadeira promoção do bem-comum, nem verdadeiro desenvolvimento do homem, quando se ignoram os pilares fundamentais que sustentam uma nação, os seus bens imateriais: a vida, que é dom de Deus, um valor que deve ser sempre tutelado e promovido; a família, fundamento da convivência e remédio contra a desagregação social; a educação integral, que não se reduz a uma simples transmissão de informações com o fim de gerar lucro; a saúde, que deve buscar o bem-estar integral da pessoa, incluindo a dimensão espiritual, que é essencial para o equilíbrio humano e uma convivência saudável; a segurança, na convicção de que a violência só pode ser vencida a partir da mudança do coração humano.”
Na noite do mesmo dia, na Festa da Acolhida, o Papa Francisco nos diz: “«Bote fé». A cruz da Jornada Mundial da Juventude peregrinou através do Brasil inteiro com este apelo. «Bote fé»: o que significa? Quando se prepara um bom prato e vê que falta o sal, você então “bota” o sal; falta o azeite, então «bota» o azeite… «Botar», ou seja, colocar, derramar. É assim também na nossa vida, queridos jovens: se queremos que ela tenha realmente sentido e plenitude, como vocês mesmos desejam e merecem, digo a cada um e a cada uma de vocês: «bote fé» e a vida terá um sabor novo, a vida terá uma bússola que indica a direção; «bote esperança» e todos os seus dias serão iluminados e o seu horizonte já não será escuro, mas luminoso; «bote amor» e a sua existência será como uma casa construída sobre a rocha, o seu caminho será alegre, porque encontrará muitos amigos que caminham com você. «Bote fé», «bote esperança», «bote amor»!”
Mais uma vez o tema da família é ressaltado pelo Papa ao recordar, no Angelus do dia 26, a figura dos pais de Nossa Senhora:“São Joaquim e Sant’Ana fazem parte de uma longa corrente que transmitiu a fé e o amor a Deus, no calor da família, até Maria, que acolheu em seu seio o Filho de Deus e o ofereceu ao mundo, ofereceu-o a nós. Vemos aqui o valor precioso da família como lugar privilegiado para transmitir a fé!”
Na Via-Sacra à noite, o Papa nos falou da presença de Jesus nas cruzes dos jovens: “… Na Cruz, Jesus está junto a tantos jovens que perderam a confiança em instituições políticas porque veem o egoísmo e a corrupção, ou que perderam sua fé na Igreja e inclusive em Deus pela incoerência dos cristãos e dos ministros do Evangelho. Quanto nossas incoerências fazem Cristo sofrer.”
A entrevista do Papa com o Jornalista Gerson Camarotti, no dia 29, destacou pontos importantes para nosso trabalho junto aos jovens:
“… um jovem que não protesta não me agrada. Porque o jovem tem a ilusão da utopia, e a utopia não é sempre ruim. A utopia é respirar e olhar adiante. O jovem é mais espontâneo. Menos experiência de vida, é verdade. Mas às vezes a experiência nos freia. E ele tem mais energia para defender suas ideias. O jovem é essencialmente um inconformista. E isso é muito lindo! Isso é algo comum a todos os jovens. Então eu diria que, de uma forma geral, é preciso ouvir os jovens, dar lugares de se expressar, e cuidar para que não sejam manipulados. Porque há tanta exploração de pessoas – trabalho escravo, por exemplo – há tantos tipos de exploração… Eu me atreveria a dizer uma coisa, sem ofender. Há pessoas que buscam a exploração de jovens. Manipulando essa ilusão, esse inconformismo que existe. E depois arruínam a vida dos jovens. Portanto, cuidado com a manipulação dos jovens. Temos sempre que ouvi-los. Cuidado. Na família, um pai, uma mãe que não escutam o filho jovem, o isolam, geram tristeza na alma dele. E não experimentam uma troca enriquecedora. Sempre há riqueza. Evidentemente, com inexperiência. Mas é preciso ouvi-los. E defendê-los de manipulações diversas – ideológica, sociológica. O caminho é ouvir, dar-lhes voz.”
“(Quanto às atuais Manifestações) O que está acontecendo com os jovens no Brasil não sei. Mas, por favor, que não os manipulem, que os escutem, porque esse é um fenômeno mundial, que vai muito além do Brasil.”
“Creio que é preciso estimular uma cultura do encontro, em todo o mundo. No mundo todo. De modo que cada um sinta a necessidade de dar à humanidade os valores éticos de que a humanidade necessita. E defender esta realidade humana. Nesse aspecto, acho que é importante que todos trabalhemos pelos outros, podar o egoísmo. Um trabalho pelos outros segundo os valores da sua fé. Cada religião tem suas crenças. Mas, dentro dos valores de sua própria fé, trabalhar pelo próximo. E nos encontrarmos todos para trabalhar pelos outros.” (cf. http://g1.globo.com/platb/blog-do-camarotti/2013/07/29/leia-a-entrevista-exclusiva-do-papa-francisco/)
Ao celebrar a Missa na manhã do dia 27, na Catedral, o Papa deixou seu precioso recado aos Bispos, Sacerdotes, Religiosos, Seminaristas:
“… queremos anunciar o Evangelho a nossos jovens para que encontrem a Cristo e se convertam em construtores de um mundo mais fraterno.”
“Chamados a anunciar o Evangelho. Muitos de vocês, queridos bispos e sacerdotes, talvez todos, vieram para acompanhar os jovens à Jornada Mundial da Juventude. Também eles escutaram as palavras do mandato de Jesus: “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (cf. Mt 28,19). Nosso compromisso de pastores é ajudá-los a que arda em seu coração o desejo de ser discípulos missionários de Cristo. Certamente, muitos poderiam sentir-se um pouco assustados diante desse convite, pensando que ser missionários significa necessariamente abandonar o país, a família e os amigos. Deus quer que sejamos missionários. Onde estamos? Onde Ele nos põe: em nossa pátria, ou onde ele nos ponha. Ajudemos os jovens a dar-se conta que ser discípulos missionários é uma consequência de ser batizados, é parte essencial de ser cristão, e que o primeiro lugar o de se deve evangelizar é a própria casa, o ambiente de estudo ou de trabalho, a família ou os amigos. Ajudemos os jovens. Ponhamos os ouvidos para escutar suas ilusões. Necessitam ser escutados. Para escutar seus êxitos, para escutar suas dificuldades, deve-se estar sentado, escutando talvez o mesmo livro, mas com música diferente, com identidades diferentes. A paciência de escutar! Isso peço de todo coração. No confessionário, na direção espiritual, no acompanhamento. Saibamos perder o tempo com eles. Semear custa e cansa, cansa muitíssimo! E é muito mais gratificante alegrar-se com a colheita… Que bom! Todos nos alegramos mais com a colheita! Mas Jesus nos pede que semeemos seriamente. Não meçamos esforços na formação dos jovens. São Paulo, dirigindo-se aos seus cristãos, utiliza uma expressão, que ele tornou realidade em sua vida. “Meus filhos, por vós sinto, de novo, as dores do parto, até Cristo ser formado em vós.” (Gl 4,19). Que também nós a façamos realidade em nosso ministério. Ajudar a nossos jovens a redescobrir o valor e a alegria da fé, a alegria de ser amados pessoalmente por Deus. Isso é muito difícil, mas quando um jovem entende, quando sente com a unção que o Espírito Santo lhe dá, esse ser abençoado pessoalmente por Deus o acompanha por toda a vida. A alegria que deu a Seu Filho Jesus por nossa salvação. Educá-los na missão, a sair, a por-se em marcha, a estar sempre nas ruas pela fé. Assim fez Jesus com seus discípulos: não os manteve apegados a Ele como a galinha aos pintinhos; os enviou. Não podemos ficar enclausurados na paróquia, em nossa comunidade, em nossa instituição paroquial ou em nossa instituição diocesana quando tantas pessoas estão esperando o Evangelho. Sair, enviados. Não é um simples abrir a porta para que venham, para acolher, mas sair pela porta para buscar e encontrar. Empurremos os jovens para que saiam. Claro que eles vão meter os pés pelas mãos. Não tenhamos medo! Os apóstolos fizeram isso antes de nós. Empurremos eles para sair! Vamos com decisão na pastoral a partir da periferia, começando pelos que estão mais afastados, os que não costumam frequentar a paróquia. Eles são os convidados VIP. Nas encruzilhadas dos caminhos, vamos buscá-los.”
Aos dirigentes do Brasil, o Papa Francisco disse no dia 27: “Somos responsáveis pela formação de novas gerações, por ajudá-las a ser hábeis na economia e na política, e firmes nos valores éticos.”
“O diálogo entre as gerações, o diálogo no povo, porque todos somos povo, a capacidade de dar e receber, permanecendo abertos à verdade. Um país cresce, quando dialogam de modo construtivo as suas diversas riquezas culturais: a cultura popular, a cultura universitária, a cultura juvenil, a cultura artística e a cultura tecnológica, a cultura econômica e a cultura da família, e a cultura da mídia.”
Horas depois, disse aos Bispos do Brasil: “Nas ruas do Rio, jovens de todo o mundo e muitas outras multidões estão esperando por nós, necessitados de serem envolvidos pelo olhar misericordioso de Cristo Bom Pastor, que nós somos chamados a tornar presente.”
“… ambos constituem a esperança de um povo: os jovens, porque eles carregam a força, o sonho, a esperança do futuro, e os idosos, porque eles são a memória, a sabedoria de um povo.”
“Na missão, mesmo continental, é muito importante reforçar a família, que permanece célula essencial para a sociedade e para a Igreja; os jovens, que são o rosto futuro da Igreja; as mulheres, que têm um papel fundamental na transmissão da fé e constituem uma força quotidiana que faz evoluir uma sociedade e a renova.”
Em entrevista à Rádio da Arquidiocese do Rio de Janeiro, no dia 27, nosso Pastor reforçou a urgência da solidariedade e do valor da família:
“Que todos trabalhemos por esta palavra que hoje em dia não é bem aceita: solidariedade. É uma palavra que procuram deixar de lado, sempre, porque incômoda. Todavia, é uma palavra que reflete os valores humanos e cristãos que hoje nos pedem para ir contra; da cultura do descartável, de que tudo é descartável.”
“Uma cultura que sempre deixa as pessoas de fora: deixa à margem as crianças, deixa à margem os jovens, deixa à margem os idosos, deixa fora aos que não servem, aos que não produzem, e isso não pode acontecer. Invés, a solidariedade, coloca todos dentro. Devem seguir trabalhando por esta cultura da solidariedade e pelo Evangelho”.
“Não somente diria que a família é importante para a evangelização do novo mundo. A família é importante, é necessária para a sobrevivência da humanidade. Se não existe a família, a sobrevivência cultural da humanidade corre perigo. É a base, nos apeteça ou não: a família”.
Como o Papa, animemos os jovens a exercerem sua vocação de protagonistas de um mundo melhor (Cf. Vigília de Oração, 27/07/2013):
“Também hoje o Senhor continua precisando de vocês, jovens, para a sua Igreja. Queridos jovens, o Senhor precisa de vocês! Ele também hoje chama a cada um de vocês para segui-lo na sua Igreja e ser missionário. Hoje, queridos jovens, o Senhor lhes chama!”
“Eu lhes pergunto: Querem construir a Igreja? Se animam uns aos outros a fazê-lo? […] Somos parte da Igreja; mais ainda, tornamo-nos construtores da Igreja e protagonistas da história. Jovens, por favor, não se ponham na «cauda» da história. Sejam protagonistas. Joguem ao ataque! Chutem para diante, construam um mundo melhor, um mundo de irmãos, um mundo de justiça, de amor, de paz, de fraternidade, de solidariedade. Jogai sempre ao ataque! São Pedro nos diz que somos pedras vivas que formam um edifício espiritual (cf. 1Pe 2,5).
“O coração de vocês, coração jovem, quer construir um mundo melhor. Acompanho as notícias do mundo e vejo que muitos jovens, em tantas partes do mundo, saíram pelas estradas para expressar o desejo de uma civilização mais justa e fraterna. Os jovens nas estradas; são jovens que querem ser protagonistas da mudança. Por favor, não deixem para outros o ser protagonistas da mudança! Vocês são aqueles que têm o futuro! Vocês… Através de vocês, entra o futuro no mundo. Também a vocês, eu peço para serem protagonistas desta mudança. Continuem a vencer a apatia, dando uma resposta cristã às inquietações sociais e políticas que estão surgindo em várias partes do mundo. Peço-lhes para serem construtores do mundo, trabalharem por um mundo melhor.”
Ao encerrar a JMJ, no domingo, o Papa recordou aos jovens a sua vocação missionária e exortou aos sacerdotes para acompanhá-los:
“Durante estes dias, aqui no Rio, vocês puderam fazer a bela experiência de encontrar Jesus e de encontrá-lo juntos, sentindo a alegria da fé. Mas a experiência deste encontro não pode ficar trancafiada na vida de vocês ou no pequeno grupo da paróquia, do movimento, da comunidade de vocês. Seria como cortar o oxigênio a uma chama que arde. A fé é uma chama que se faz tanto mais viva quanto mais é partilhada, transmitida, para que todos possam conhecer, amar e professar que Jesus Cristo é o Senhor da vida e da história (cf. Rm 10,9).”
“Não tenham medo de ir e levar Cristo para todos os ambientes, até as periferias existenciais, incluindo quem parece mais distante, mais indiferente.”
“A Igreja precisa de vocês, do entusiasmo, da criatividade e da alegria que lhes caracterizam! Um grande apóstolo do Brasil, o Bem-aventurado José de Anchieta, partiu em missão quando tinha apenas dezenove anos! Sabem qual é o melhor instrumento para evangelizar os jovens? Outro jovem! Este é o caminho a ser percorrido por vocês!”
“Queria dar uma palavra também a vocês, queridos sacerdotes, que concelebram comigo esta Eucaristia: vocês vieram acompanhando os seus jovens, e é uma coisa bela partilhar esta experiência de fé! Certamente isso lhes rejuvenesceu a todos. O jovem contagia-nos com a sua juventude. Mas esta é apenas uma etapa do caminho. Por favor, continuem acompanhando os jovens com generosidade e alegria, ajudem-lhes a se comprometer ativamente na Igreja; que eles nunca se sintam sozinhos! E aqui desejo agradecer cordialmente aos grupos de pastoral juvenil, aos movimentos e novas comunidades que acompanham os jovens na sua experiência de serem Igreja, tão criativos e tão audazes. Sigam em frente e não tenham medo!”
Precisamos auxiliar os jovens no seu discernimento vocacional. A vocação foi o principal tema abordado na tarde do dia 28 no encontro com os jovens voluntários da JMJ: “Deus chama para escolhas definitivas, Ele tem um projeto para cada um: descobri-lo, responder à própria vocação é caminhar para a realização feliz de si mesmo. A todos Deus nos chama à santidade, a viver a sua vida, mas tem um caminho para cada um. Alguns são chamados a se santificar constituindo uma família através do sacramento do Matrimônio. Há quem diga que hoje o casamento está “fora de moda” […]. Na cultura do provisório, do relativo, muitos pregam que o importante é “curtir” o momento, que não vale a pena comprometer-se por toda a vida, fazer escolhas definitivas, “para sempre”, uma vez que não se sabe o que reserva o amanhã. Em vista disso eu peço que vocês sejam revolucionários, eu peço que vocês vão contra a corrente; sim, nisto peço que se rebelem: que se rebelem contra esta cultura do provisório que, no fundo, crê que vocês não são capazes de assumir responsabilidades, crê que vocês não são capazes de amar de verdade. Eu tenho confiança em vocês, jovens, e rezo por vocês. Tenham a coragem de “ir contra a corrente”. E tenham também a coragem de ser felizes!”
Saibamos todos nós, com o mesmo carinho e atenção do nosso Papa, dizer com palavras, gestos e trabalhos: “Queridos jovens, Jesus Cristo conta com vocês! A Igreja conta com vocês! O Papa conta com vocês!”