Porém a palavra do profeta rasga esse véu de sofrimento e desorientação. É verdade que Israel se mostrou infiel ao pacto de amor com Deus, entregando-se à destruição, mas eis que se anuncia uma nova promessa de liberdade, de salvação, de uma aliança renovada, que Deus, no seu amor eterno e nunca revogado, prepara para o seu povo.
“Eu te amo com amor de eternidade; por isso guardo por ti tanta ternura!”
No entanto, embora o nosso empenho em amar Deus e os irmãos seja sincero, estamos bem conscientes de que ainda não somos muito firmes. Mas a fidelidade Dele por nós é gratuita, nos precede sempre, independentemente do nosso desempenho. Com essa certeza tão feliz podemos passar para além do nosso horizonte limitado; podemos recolocar-nos cada dia a caminho e nos tornar, também nós, testemunhas dessa ternura “materna”.
“Eu te amo com amor de eternidade; por isso guardo por ti tanta ternura!”
Ele nos abriu o caminho para imitarmos o Pai no amor para com todos (cf. Mt 5,43ss) e nos mostrou que a vocação de cada homem e de cada mulher é contribuir para a construção de relacionamentos de acolhida e de diálogo ao seu redor.
Chiara Lubich nos convida a ter um coração de mãe: […] A mãe sempre acolhe, sempre ajuda, sempre espera, tudo cobre. […] Com efeito, o amor de uma mãe é muito semelhante à caridade de Cristo de que fala o apóstolo Paulo (cf. 1Cor 13). Se tivermos um coração de mãe ou, mais especificamente, se nos propusermos a ter o coração da Mãe por excelência, Maria, estaremos sempre prontos a amar os outros em todas as circunstâncias e, assim, a manter vivo o Ressuscitado em nós. […] Se tivermos o coração desta Mãe, amaremos a todos: não somente os membros da nossa Igreja, mas também os membros de outras Igrejas; não somente os cristãos, mas também os muçulmanos, os budistas, os hinduístas e os outros homens de boa vontade… Amaremos todos os homens que vivem nesta terra […].
“Eu te amo com amor de eternidade; por isso guardo por ti tanta ternura!”
Que tal, se também nós, sustentados pelo amor fiel de Deus, nos colocássemos livremente nessa atitude interior, diante de todos aqueles que encontramos durante o nosso dia?
Letizia Magri